Representação social da criança com câncer sobre o processo de adoecimento e tratamento

Abstract

O câncer na infância é uma patologia com repercussões emocionais, sociais e culturais, pois interfere no processo de escolarização, no crescimento e desenvolvimento, na rotina das crianças e dos familiares. O tratamento é longo e desgastante, uma das principais modalidades terapêuticas utilizadas é a quimioterapia, que apresenta diversos efeitos colaterais, podendo requerer internamentos hospitalares. O objetivo do estudo foi identificar as representações sociais de crianças com câncer sobre o processo de adoecimento e tratamento quimioterápico. Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa realizada em serviço onco hematológico público, referência no Estado (PE) e região nordeste do Brasil. Participaram dezesseis crianças com idade de 7 a 11 anos com diagnóstico de câncer, que realizavam ou haviam finalizado um ciclo da terapêutica quimioterapia. A amostra foi intencional e o número de participantes foi definido pelo critério de saturação teórica. Para coleta foi utilizado o método de triangulação dos dados, com emprego das técnicas do desenho-estória, de um roteiro de entrevista e formulário com dados de caracterização dos participantes. Na aplicação da técnica do desenho estória foi solicitado um desenho de uma criança que estivesse realizando o mesmo tratamento que ela e em seguida contasse a estória do desenho. Posteriormente, na entrevista foram realizados questionamentos sobre aspectos vivenciados durante o adoecimento e as expectativas após o tratamento. Os dados de caracterização dos participantes foram coletados com os responsáveis da criança e descritos de acordo com a frequência de respostas. Para auxiliar na coleta de dados as entrevistas foram gravadas, subsidiando a etapa de transcrição. A análise dos dados ocorreu por meio da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Os resultados encontrados nos relatos oriundo dos desenhos-estórias e das entrevistas formaram quatro categorias temáticas: significados do câncer; processo terapêutico; vivências no âmbito hospitalar e expectativas pós-tratamento. Os resultados traduzem a representação social das crianças frente ao câncer, possibilitando a reflexão dos profissionais de saúde diante do cuidado ofertado à essas crianças e seus familiares. Os achados da pesquisa possibilitam repensar a prática assistencial, como também, a formação dos profissionais de saúde para o trabalho interdisciplinar na assistência a esse público.